segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Deco aquece coração brasileiro e chega ao Flu louco por desafios


A realização profissional foi garantida ao longo de 13 anos na Europa. Faltava, no entanto, o desafio. Aos 32 anos e com duas Copas do Mundo, duas Eurocopas, dois títulos de Liga dos Campeões e passagens vitoriosas por gigantes como Porto, Barcelona e Chelsea no currículo, Deco quer, enfim, mostrar o que é capaz em gramados brasileiros. Para isso, se apresentou oficialmente como jogador do Fluminense nesta segunda-feira, em um hotel na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Com o já tradicional número 20 nas costas, o luso-brasileiro deixou claro em cerca de 30 minutos de entrevista coletiva que a falta de brilho em sua terra natal representava uma lacuna em sua carreira. Revelado pelo Corinthians, teve uma pequena passagem como jogador profissional no Brasil, disputou apenas o Brasileirão de 96, mas voltou com a confiança em alta.

- É uma responsabilidade grande voltar ao Brasil. O Fluminense me abriu as portas, me quis de verdade, mostrou que queria e apresentou um projeto sério, para ganhar títulos. Tenho certeza que vou ser bem feliz aqui

E os planos são ambiciosos. Entre as respostas, Deco levantou até mesmo a possibilidade de voltar a disputar uma das poucas competições que ainda não conquistou: o Mundial de Clubes. Protagonista de uma novela que se arrastou por meses, também agradeceu ao Chelsea por ajudá-lo a realizar um sonho, com a rescisão de um contrato que iria até junho de 2011.

- Era difícil para o clube me liberar com mais um ano de contrato, mas falei o que sentia, falei do desejo de voltar, e as coisas acabaram se resolvendo.

Com apenas uma apresentação no Maracanã, em jogo festivo de Zico, em 2008, o apoiador evitou fazer previsão de estreia – que deve acontecer no clássico contra o Vasco, dia 22 -, deixou a decisão nas mãos de Muricy.

Sereno, Deco cogitou até mesmo se aposentar no Tricolor, após os dois anos de contrato, e descartou entrar na briga com Maicosuel e Valdivia pelo posto de Mago do futebol brasileiro.

- No Porto que me chamavam de mágico, colocaram o apelido e ficou. Mas não sou mágico, não. Sou jogador de futebol.


Primeiras palavras


Alguns amigos me criticaram por achar que não era o momento, que não devia abrir mão do contrato com o Chelsea, mas tinha a missão e o sonho de voltar"Deco, meia do FluminenseQuero agradecer o esforço do clube, que sei que foi grande. Não somente financeiro, mas pelo desejo de resolver as coisas para que tudo desse certo. É uma responsabilidade grande voltar ao Brasil. Alguns amigos me criticaram por achar que não era o momento, que não devia abrir mão do contrato com o Chelsea, mas tinha a missão e o sonho de voltar. O Fluminense me abriu as portas, me quis de verdade, mostrou que queria e apresentou um projeto sério, para ser campeão e ganhar títulos. Tenho certeza que vou ser bem feliz aqui.

Paixão por Portugal

Minha vida não tem sentido sem Portugal. Quase todos os meus filhos nasceram lá, alguns dos meus melhores amigos estão lá e o que o país fez por mim jamais esquecerei. Vou manter minha base no Brasil, até por jogar aqui agora, mas vou me manter ligado a Portugal. Principalmente ao Porto, onde passei sete anos maravilhosos. Não digo ser primeiro ou segundo país, mas Portugal está no meu coração.

Rivais no Brasileirão

Talvez neste momento o Corinthians é o que está junto, mas não descarto São Paulo e Internacional, que estavam com o foco na Libertadores. Acredito que no segundo turno o campeonato fique mais complicado. Ainda falta muito campeonato. O pensamento não é de já ganhou nem de que está fácil. É um dos campeonatos mais difíceis do mundo e o pensamento deve continuar sendo de seriedade.

Retorno ao Brasil

O que pesou foi a vontade de voltar, as condições de trabalho em um time vencedor e, obviamente, as garantias de ter um patrocinador por trás. Também foi importante saber que tinha o Muricy. Até quando soube que ele poderia sair logo liguei para o Celso (Barros, presidente do patrocinador).

Estreia no Maracanã em partidas oficiais

É o sonho de criança jogar no Maracanã, jogar no Brasil. Não tive essa oportunidade. Saí muito cedo e sempre tive essa vontade de regressar, de fazer um pouco do que fiz fora aqui. Estar no Brasil é um desafio, voltei por isso. A ansiedade (para estrear no Maracanã) não acaba nunca. Vou trabalhar e desfrutar o futebol. É preciso sentir alegria para jogar, e eu não sentia mais isso.
Estreia

Estou ansioso para jogar, mas isso depende do treinador, dependo das ordens dele. O Muricy que vai decidir quando treinar, quando concentrar e quando estrear.

Investimento

Houve um investimento alto do Fluminense, mas também da minha parte. Tinha mais um ano de contrato no Chelsea, não vou falar de valores, mas ganhava muito mais do que vou ganhar aqui. Tenho cinco filhos para criar, lógico que preciso de dinheiro, mas não estou milionário. Ainda assim, não voltei por dinheiro, foi uma questão de desafio. Não tenho que provar nada na carreira para ninguém, mas é um desafio para mim.

Disputa com o time do coração

É legal, bom saber que o Corinthians está atrás, até por estar atrás (risos).

Quarteto fantástico no Flu?

Temos muitos jogadores de qualidade. Além do Conca, Fred, Emerson, há também grandes jogadores do meio para trás. Tem o Diguinho, o Gum... É bom contar com jogadores desse nível, mas temos que provar o potencial dentro de campo.

Mundial no Flu?

Depois da Eurocopa, foi o pior título que perdi. Na Europa não tem tanto significado quanto para nós, no Brasil. Quando fomos encarar o Internacional, não tivemos a preparação correta, acho que o Barcelona menosprezou. Será legal se tiver uma nova oportunidade para disputar essa competição.

Aposentadoria

Espero jogar em alto nível nesses dois anos e repensar. Não quero jogar muito mais tempo. Até porque quero deixar uma imagem positiva. Sinto que vou ser feliz aqui.


Nunca tive a intenção de jogar em Portugal, pela seleção portuguesa, e aconteceu. Não tenho mágoa alguma com o Brasil, muito pelo contrário. Sempre amei o país"Deco, meia do FluminenseCamisa 20

É um número que me identifico. Usei na seleção, no Barcelona, no Chelsea... Não foi uma exigência, mas perguntei e como ninguém usava pedi a 20.

Contato com o torcedor

Já estou sendo bem recebido nas ruas e espero retribuir esse carinho dentro de campo.

Realização profissional

Me sinto realizado, mas faltava isso, faltava voltar ao Brasil. Não para provar nada para ninguém, mas para mim. Hoje me sinto realizado, mas tenho mais para realizar.


Relação com o Brasil

Não dá para definir e programar os caminhos da vida. Fui novo para a Europa e as coisas aconteceram. Nunca tive a intenção de jogar em Portugal, pela seleção portuguesa, e aconteceu. Não tenho mágoa alguma com o Brasil, muito pelo contrário. Sempre amei o país.

Onde jogar

Como já falei, a partir do momento que sou jogador do Fluminense devo satisfação ao treinador. O clube e o Muricy sabem onde sempre joguei, no meio. Se ele quis que eu viesse, é porque sabe onde será a melhor posição.

Liberação no Chelsea

Foi difícil. Gostaria até de agradecer ao Ancellotti, que entendeu meus motivos, minhas razões, e me ajudou a resolver o problema. Era difícil para o clube me liberar com mais um ano de contrato, mas falei o que sentia, falei do desejo de voltar, e as coisas acabaram se resolvendo.

Condições físicas

Estou bem. Os problemas que tive recentemente na Europa não vão se repetir aqui.

Parceria com o instituto

É um grande sonho da minha vida ajudar as pessoas e consegui isso nos últimos anos. O patrocinador demonstrou também ter esse interesse e esse foi um dos fatores que me motivou a vir para cá.

Estilo europeu

Não venho com o intuito de mudar nada. Venho para fazer meu trabalho, jogar, me divertir e fazer o que sei fazer. Lógico que há diferenças. Mas também há fantasmas de que lá é tudo bom e aqui é tudo ruim. Não é bem assim. Estou preparado para jogar e ajudar o meu time a vencer. Obviamente, se as coisas melhorarem, vai ser bom para o Brasil, mas isso não é minha responsabilidade.

Mago?

No Porto que me chamavam de mágico, colocaram o apelido e ficou. Mas não sou mágico, não. Sou jogador de futebol.

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