quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Em jogo tenso, Argélia bate o Egito e volta à Copa após 24 anos de ausência


Em um jogo cercado de rivalidade e tensão, a Argélia derrotou o Egito por 1 a 0, nesta quarta-feira, em Omdurman, no Sudão, e garantiu a última vaga africana para a Copa do Mundo de 2010. O duelo entre os dois países do norte da África foi válido pelo jogo de desempate do Grupo C das eliminatórias do continente.

Com a classificação, a Argélia volta a disputar uma Copa do Mundo após 24 anos ausente. Sua última participação foi em 1986, quando ficou em último lugar no Grupo 4, o mesmo do Brasil. Os egípcios, por sua vez, seguem fora do torneio. A última participação dos atuais campeões africanos foi em 1990, na Itália.



Os outros representantes da África na Copa de 2010 são a anfitriã África do Sul, Gana, Costa do Marfim, Camarões e Nigéria.

Antes de a partida começar, nos arredores do estádio em Omdurman, houve alguns focos de brigas e confusões devido aos incidentes dos últimos dias. Após a partida do último sábado, quando o Egito venceu por 2 a 0, forçando o jogo extra, torcedores argelinos depredaram lojas egípcias em Argel.



No abarrotado Al Merreikh (todos os 35 mil ingressos colocados à venda esgotaram em poucos dias), centenas de policiais sudaneses (ao todo, um efetivo de 15 mil homens foi mobilizado para garantir a segurança antes, durante e depois da partida, dentro e fora do estádio) cercavam o gramado. Além disso, ambulâncias e médicos, com máscaras, também ficavam de prontidão para qualquer problema mais sério.



- O clima na cidade estava realmente bem tenso nos últimos três dias, principalmente. Estive no estádio para a ver a partida e foi um jogo muito duro, disputado e de muita marcação. O estádio estava completamente lotado e foi um grande jogo. Aconteceram algumas confusões pela cidade, mas felizmente já está tudo sob controle - disse o técnico brasileiro Paulo Campos, que foi campeão nacional no Sudão com o Al-Hilal neste ano.

E o clima tenso não demorou a chegar aos jogadores. Logo aos cinco minutos, após uma dividida mais dura, atletas de Argélia e Egito trocaram empurrões e ameaças. No entanto, o árbitro Eddy Maillet, de Ilhas Seychelles, no Sul da África, fez vista grossa e não expulsou ninguém.

Mas, por outro lado, em menos de 25 minutos, três jogadores já haviam recebido cartão amarelo. Em matéria de futebol, a Argélia criava mais chances, sendo que a melhor delas aconteceu aos 15, com o meia-atacante Ziani, que defende o Wolfsburg-ALE, obrigando o goleiro El-Haddary a fazer grande intervenção.

Pelo lado do Egito, Aboutrika teve a melhor a oportunidade aos 31, mas acabou desperdiçando.

Golaço de Yahia

E a seleção da Terra dos Faraós acabou pagando caro pelo tento perdido. Yahia, após receber um cruzamento preciso do lado esquerdo, pegou de primeira, acertou o ângulo e fez um golaço que lembrou, um pouco, o de Van Basten na Eurocopa de 1988 pela Holanda, na final contra a Alemanha.

Festa da torcida da Argélia, que estava em menor número no estádio Al Merreikh, apesar de a Fifa ter distribuído cargas iguais para os dois países (nove mil para cada um). Ao contrário do Egito, a terra natal dos pais de Zidane não faz fronteira com o Sudão.
No segundo tempo, com a vantagem no placar, os argelinos se plantaram atrás, seguravam os egípcios na força - as vezes até excessiva demais - e tentavam explorar os contra-ataques.

Embora dominasse o jogo, o Egito não conseguia criar muita coisa e ainda viu os arquirrivais perderem uma boa chance de ampliar aos 14 com Ziani, que cabeceou com estilo, mas em cima de El-Haddary.

Com o fim do jogo se aproximando, os argelinos começaram a apelar para a tradicional “cera” e conseguiram segurar o magro 1 a 0.



Após o apito final, torcedores e jogadores argelinos comemoravam a vaga como se tivessem conquistado o título da Copa. E, ao contrário do que era esperado, não houve nenhum conflito dentro do gramado entre atletas das duas equipes.



Para evitar confrontos entre os torcedores dos dois países, os policiais seguraram os argelinos, que estavam posicionados ao lado esquerdo das cabines de rádio e TV, e liberou apenas a saída dos egípcios do estádio.

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